ELIANE HAAS

ELIANE HAAS

Todas as matérias podem ser veiculadas, desde que citada a fonte.

terça-feira, 31 de julho de 2012

ILUMINANDO A SOMBRA

Conhece-te a ti mesmo
Templo de Apolo – Delfos

Desde a infância fomos educados para revelar ao mundo apenas os melhores e mais agradáveis aspectos do nosso Eu. Enquanto isso, um Eu oculto, pleno de emoções e comportamentos inaceitáveis e inconfessados é silenciado. Raiva, inveja, vergonha, mágoa, ciúme, falsidade, ganância, luxúria, agressividade... enfim, tudo o que não gostaríamos de ser, que gera frustração e deve permanecer oculto para que nos apresentemos ao mundo de forma a merecermos respeito e amor, nem por isso deixa de existir e sobrevive sob uma espécie de máscara que apresentamos ao mundo, pois aquilo com o que não conseguimos coexistir, não deixa simplesmente de existir.
Esses conteúdos da nossa personalidade censurados e rejeitados por medo, ignorância ou falta de amor, foram estudados por Carl Gustav Jung e por ele denominados “sombra”.
Com o passar dos anos esse lado “sombrio” do nosso Ser vai se solidificando tão profundamente que acaba bem escondido de todos com quem interagimos e de nós mesmos. No entanto, essa traição aos nossos impulsos e sentimentos mais genuínos, com a finalidade de sermos amados e aceitos, é uma artimanha que a médio ou longo prazo, custa muito caro. Apenas quando nos conhecemos profundamente e por isso podemos nos aceitar e perdoar, somos capazes de viver e apresentar a plenitude do nosso Eu verdadeiro em todos os nossos relacionamentos.
É por conta do fortalecimento e obscurecimento da sombra no nosso inconsciente, que muitos acabam insatisfeitos, abandonando o caminho do crescimento espiritual. Dispondo de autocrítica, eles se apercebem de que continuam estagnados, repetindo os mesmos erros e revivendo situações dolorosas nas suas vidas.

O trabalho para a evolução do Eu – que se baseia no autoconhecimento - é a tarefa principal na senda da Espiritualidade. Esse trabalho é desafio e mérito de cada um, não podendo ser aliviado ou, miraculosamente, tomado como responsabilidade de algum guru, santo, entidade, guia, divindade ou Deus.

No plano Espiritual as chances são sempre igualitárias e não há “pistolão” ou protecionismo.

Dispondo dessa verdadeira Luz Divina – que é o maravilhoso instrumento Ayahuasca – as Jornadas neo-xamânicas no Céu da Águia Dourada são voltadas para esse trabalho : mergulhando na intimidade desse nosso Eu velado, desmascarar e ali iluminar e transmutar aspectos sombrios da nossa personalidade.

É através de um Eu bem resolvido e íntegro que nos tornamos aquele cristal límpido, extensão e reflexo da Luz Maior.

domingo, 1 de julho de 2012

JUDAISMO x CRISTIANISMO - DIFERENÇAS

No momento presente em que, através de algumas entidades religiosas como a Congregação Judaica do Brasil, se evidencia uma abertura na difusão do Judaísmo, surge também o interesse sobre essa religião. São perguntas pertinentes a essa matéria que procuraremos responder com o presente artigo. Embora o Cristianismo tenha surgido no seio do Judaismo, as lideranças que estabeleceram os seus dogmas romperam com suas origens, criando uma religião baseada em crenças bem diversas.
1 . Para o Judaismo todos os seres humanos são filhos de Deus em condições iguais, não contando com privilégios e merecedores de amor e auxílio, independente de crerem Nele ou não.
Não se considera “certo” nem vincula o fato de ser judeu a ser automaticamente uma pessoa melhor que as outras ou alcançar, quando morrer, um status especial. Pelo contrário, considera a possibilidade de qualquer um viver de forma ética, independente da sua opção religiosa. Ninguém é “maldito”, menos “filho de Deus” ou discriminado negativamente por pertencer a esta ou aquela religião.
Não se considerando o único caminho para uma eventual “salvação”, não há motivo para existir no Judaismo a prática do proselitismo (conversão). Ser judeu significa apenas ser guardião de uma mensagem Divina, devendo, como tal, servir de exemplo para o restante da humanidade. Considera-se privilegiado por ser o guardião dessa mensagem, mas esse privilégio implica apenas em maior responsabilidade.
O Judaismo não acredita que pessoas não-judias estarão fadadas a “ir para o inferno” ou que judeus serão beneficiados simplesmente por pertencerem a essa tradição religiosa. O que conta é a conduta individual e assim, o Judaismo apenas acredita oferecer uma melhor oportunidade para que o indivíduo conduza a sua vida dentro de princípios éticos.
2. Sob a visão judaica, os seres humanos não nascem inteiramente bons ou maus. Existem inclinações e o livre-arbítrio para fazer suas escolhas, decidindo por si mesmos como agir e, de acordo com a escolha, obter merecimento. Há a possibilidade de aprender e evoluir espiritualmente.
Não existe no Judaismo a ideia de que as pessoas dependam da interferência de terceiros para obter benesses. Não há tampouco a crença num “pecado original”, uma mácula do mal que as pessoas tragam consigo ao nascer e que deva ser removida através de algum ritual ou pelo reconhecimento de que esse estigma do mal, o “pecado de ter nascido da carne”, será removido pelo reconhecimento da morte sacrificial de Jesus.
Para o Judaismo não há a possibilidade de alguém expiar as falhas de outros, pois cada um é responsável por si. Se para os cristãos não há outra forma de “salvação” a não ser através de Jesus, para os judeus ninguém é capaz de invalidar os mau-feitos humanos e a única maneira de se alcançar bênçãos divinas é através das suas atitudes. Ninguém pode assumir a responsabilidade pelo outro, pois isso iria contra a ideia de justiça, tão presente no Judaismo.
3. Sendo o Judaismo uma religião predominantemente ética, os rabinos e estudiosos concentraram-se mais na condução da vida na Terra do que na vida pos-mortem. As questões que envolvem esse tema e de que forma as pessoas seriam punidas ou recompensadas ao término da vida na Terra, encontram enfoques variados, de acordo com as inúmeras correntes dentro do Judaismo.
Alguns consideram que, sendo Deus infinitamente pleno de amor e misericórdia, não poderá haver punição eterna, que a reabilitação será um desfecho óbvio e que a punição deverá ser proporcional ao sofrimento causado a outros, quando em vida. Correntes ligadas à mística judaica concebem a ideia da reencarnação.
4. O aspecto fundamental do Judaísmo é a noção do monoteísmo, ou seja, a ideia de um único Deus, Supremo Criador de todo o Universo. Não pode admitir, portanto, o conceito da Santíssima Trindade (onde Deus é composto de Pai, Filho e Espírito Santo) ou de que Deus possa ter encarnado na Terra – após seus quatro bilhões e meio de existência e em meio a trilhões de galáxias - na pessoa de um filho predileto, que formaria com Ele uma só divindade.
Para o Judaismo isso invalida a noção de monoteísmo, mesmo que a Trindade ou que Deus-Pai e Deus-Filho sejam, através de um “mistério” inquestionável e inexplicável, declarados um só Deus.
O monoteísmo judaico considera como premissa primordial que Deus é Um, singular, primeira e única Força criadora e destruidora.
5. O ponto crucial que separou judeus e cristãos, causando tanta perseguição ao longo dos últimos dois milênios, marcando os judeus com o estigma da “estranheza” e o de “não pertencer” ao resto da humanidade cristã (a única digna de ser abençoada por Deus) é Jesus.
As religiões cristãs baseiam-se na crença de que Jesus é o Filho dileto de Deus e o Messias salvador de almas, Deus encarnado em matéria que veio à Terra para assumir os pecados dos seres humanos, livrando-os – sòmente àqueles que aceitarem a sua divindade única - para todo o sempre, das suas responsabilidades.
Para os judeus Jesus foi um grande mestre e mago, como qualquer outro ser humano pode se tornar e tão divino quanto qualquer ser humano é. Na visão judaica todos os seres viventes são filhos de Deus e nenhum é Deus-filho.
Só Deus tem a capacidade de interferir nos destinos humanos e a única maneira de absolver pecados é buscando o perdão e uma possível reparação através do arrependimento e não incidindo nos mesmos erros.
O Judaismo não pode aceitar a possibilidade de uma ressurreição da carne, uma vez que a matéria é perecível e constitui apenas um veículo transitório para a vida na Terra.
Para os cristãos Jesus substituiu a Lei judaica entregue a Moysés através de revelação Divina, como instruções de conduta. Para os judeus os mandamentos e a própria Lei são irrevogáveis.
Para os cristãos Jesus é o Messias anunciado pelos profetas bíblicos. O Judaismo não reconhece a chegada do Messias à Terra, porque, de acordo com essas profecias, Ele implantaria uma era de paz e total entendimento entre os povos, fazendo com que “as espadas se transformassem em arados”.
Como isso não ocorreu – muito pelo contrário – as guerras e até disputas religiosas recrudesceram pelas mãos das próprias instituições cristãs, Jesus não pode ser reconhecido como o Messias prometido.
O Messias pode vir a ser, inclusive, não uma pessoa, mas o símbolo de uma Nova Era.